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04-05-2005

O rei dos tabus


Editorial

Os tabus foram uma desesperada inovação da democracia portuguesa nos últimos 10 anos. É certo que os tabus têm apoquentado mais a direita que a esquerda, mas vão também conquistando o centro esquerda e naturalmente ameaçarão a esquerda, não tarda nada.

A perversão do conceito original da palavra é incontornável. Originariamente provinda da polinésia e significando "alguma coisa que não podemos definir nunca" e "que escapa, em parte, do nosso sentir de civilizados" (Josué de Castro) e entendida no ocidente, depois de Freud, como aquele conceito que nos “remetia para o âmago do interdito, e para a vertigem do indizível” (João Lopes in DN) foi completamente abastardada. Quem não tem os seus segredos profundos, os seus mistérios muito próprios, as suas ideias originais, que nunca dará à civilização?

A banalização política e mediática do conceito estragou e adulterou uma ideia que todos gostávamos de usar connosco próprios. A política roubou-nos a palavra e a mediatização vulgarizou o conceito.

É por isso que a palavra tabu hoje em Portugal ganhou o significado político e renunciou ao original. Assim, tabu hoje quer dizer indefinição, calculismo e negociação, esperar para ver, juntar apoios, etc?

O rei dos tabus foi Cavaco Silva. Embora acreditando que não tenha usurpado o sentido da palavra, condescendeu no seu uso. No rescaldo de tanta indecisão, de tantos receios e calculismos estéreis, acabou empurrado para uma derrota nas eleições presidenciais, uma década atrás. Mas o mais irritante é que Cavacos Silva não aprendeu com seus os erros. Persiste no equívoco do tabu?

Continua a deixar que lhe estabeleçam o tempo, que lhe determinem a hora, que lhe varram os possíveis candidatos da frente. Cavaco Silva é, na minha opinião, um homem prudente, avisado e cauteloso, que despreza integrar aventuras vãs. Por isso, me espanta que dê azo a tanto calculismo, a tanta especulação sobre se será ou não candidato presidencial. Por isso, me incomoda que diga publicamente que não tem a certeza se quer ou não ser candidato.

Cavaco Silva é um homem de acção, sempre o foi. Dá a impressão, que não controlando todas as variáveis do poder, se move com dificuldade nestes critérios interesseiros e calculistas da política. Cavaco gosta de fazer coisas, de executar projectos e de ver o seu resultado, como o final de qualquer problema matemático ou de economia. Percebo por isso, que tenha dificuldade em rever-se apenas num papel de representação e de corta fitas como um qualquer figurante numa liturgia profana.

Acho por isso desejável que Cavaco renuncie a mais este tabu. Que avance ou que desista. Se espera que toda a direita lhe peça por favor que se candidate obviamente engana-se, pois nunca irá ter esse consenso. Se espera para saber qual o candidato da esquerda, desesperará. A vaidade trazida pela maré da vitória passada dará muitas guerras antes de produzir um.

Com a sua decisão, talvez acabe incorrecto uso da palavra tabu.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


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